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Das coisas primaveris

novembro 4, 2009

Eu vinha pensando sobre as flores em que pisava, sem opção. Sobre como são admiráveis nas árvores, e sobre sua beleza caída. Vinha distante, decidindo se devia andar pelo meio da rua para não mais pisá-las, quando acertou-me a possibilidade de que esta talvez seja a coisa conseqüente, a lógica de nós mesmos e de tudo o que aqui está. E entristeceu-me o fato de que quando não estão elegantes nos galhos, ninguém vê que as flores amassadas continuam tão belas quanto antes. Por outro lado, vamos também estar um dia diferentes das nossas primeiras formas, e assim estarão nossas crenças, nossas ideologias, nossos conceitos desconstruídos. Aí, uma forma positiva de ver a efemeridade. Tempora mutantur. O que importa talvez seja o que de permanente e de certeiro nos traz a temporalidade. O que nos marca, o que lembraremos, o que dizem nossas letras de outros tempos. Por aí foi outra divagação. Esta de mais, de tanto, de muito tempo. Eu quero alguém para compartilhar cartas (quem se arrisca?). Tenho um sério e esquizofrênico apreço por aquelas folhas doces cheias de lembranças, de intenções e de impressões, repletas de figuras, cores e sentimentos. E, poxa, hoje cartas são as flores caídas. Mas um dia eu encontro quem as mande, assim como por fim desviei das corolas roxas na calçada.

Um comentário

  1. É sempre perder muito ficar longe de tuas palavras, que sempre conseguem me tocar de uma forma profunda e bonita. Mas, enfim, aqui estou de volta, tentando mais uma vez corresponder à tua escrita, que embora não seja essa a tua intenção, sempre consegue me deixar um tanto sem expressões a altura… hehehe
    Mas, enfim, devo apelar para o coração, como sempre, como sempre; e simplesmente dizer que achei tão bonito, e que também consigo perceber beleza nas flores caídas. Ah, e quanto às cartas, escreve mesmo assim, para destinatários imaginários, que seja, para as pessoas que conheces, para quem quiseres, ou até mesmo para ti, mesmo que não cheguem em outras mãos, apenas pelo exercício, pelo prazer de dizer, de registrar, e deixa que o tempo se encarregue de seus destinos… Nunca se sabe… E, afinal, acabarão também por mudarem de forma, o papel, a tua própria fala que nelas encontrarás mais tarde… Certamente que ela também terá se transformado, mesmo que as palavras ali jamais tenham sido modificadas.

    Grande abraço!!!



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